quarta-feira, setembro 28, 2005

Porque será?

segunda-feira, setembro 26, 2005

Profeta

O líder comunista Jerónimo profetizou ontem citando a Bíblia que Sócrates nem daqui a 40 anos chegará à terra prometida. Sócrates cada vez mais fiel à sua origem socrática, só sabe que nada sabe, diz que a crise veio para ficar e não sabe quando partirá. E a terra prometida de que fala o profeta Jerónimo e que nem daqui a 40 anos iremos alcançar qual será? Alguma república descendente da utopia comunista? Será Cuba?

Só num país das "Last things".

domingo, setembro 25, 2005

Não melhorámos nada...

De uma maneira geral não há, neste país, quem realize. Pensa-se e divaga-se com facilidade mas, chegados à hora das realizações, das provas reais, poucos são os que resistem à seriedade dos problemas.

Arriscando-me a ser politicamente incorrecto, sabem quem e quando escreveu ?

Pois foi em 17 de Agosto de 1935 - há 70 anos - Salazar.

(In António Trabulo, O Diário de Salazar, Parceria A. M. Pereira, 7ª edição, Lisboa, 2004, p. 110)

A independência entre poderes ...

"Jaime Gama e bancada do PS informados da libertação antes de Felgueiras chegar ao Tribunal".

(título no Público, n.º 5661, sábado, 24.09.2005, página 8)

sexta-feira, setembro 23, 2005

Um mal nunca vem só

caminho

"continuo a caminhar de cidade em cidade sem saber para onde vou. donde venho. em que deserto me abandonei. porque razão vou e venho sem descanso. finjo perder-me"

Al Berto

Outono

O Outono chegou. Os jornais informam-nos que desde as 22 horas de ontem entrámos no Outono; e aqui ficaremos até às 19 horas de 21 de Dezembro. Se não fosse essa informação não se daria por isso: Lisboa continua acima dos 25º e quanto a chuva, nem sinais.
À medida que os anos passam, a transição das estações deixou de ser o que era. Lembro-me do tempo em que o verão era verão, o inverno era inverno e a primavera e o outono eram claras estações de transição cada qual com as suas características típicas. Havia roupa de inverno e roupa de verão (agora também há, mas por razões mais marcadamente comerciais – o que se vende em cada momento). Os chapéus de chuva, as gabardinas e os sobretudos guardavam-se no fim do inverno até daí a meio ano. A mudança da hora nos últimos fins de semana de Setembro e Março ajudava a marcar os equinócios; agora até isso a harmonização europeia nos levou com a passagem da mudança da hora para o último fim de semana de Outubro...

quinta-feira, setembro 22, 2005

It's coming :)

Cor

"Quem é que disse que a isto
se chama vida? Eu retiro-me
para outros tons de azul."

Rolf Dieter Brinkmann

Respeito

Respeita a frágil ecologia das tuas ilusões

Querer ser amada...

"Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim..." VS "Não sabes o que é para uma mulher abrir as pernas a alguém pela primeira vez..."

quarta-feira, setembro 21, 2005

Terapia da fala

É pena o Expresso não estar on line sem ser por assinatura, pois então um simples link chamaria a atenção para a excelente “Crónica Feminina” de Inês Pedrosa na revista Única (n.º 1716, 17.09.2005). Escreve acerca da má-língua em Portugal e em como ela substitui a própria leitura. Um pequeno excerto:


Quantos dos que compraram o Ensaio sobre a Lucidez, de Saramago, ou. este ano, as edições luxuosas do D. Quixote.., de Cervantes, os leram efectivamente ? À maior parte, bastou-lhes ter ouvido falar. Têm lá em casa, para ler na reforma – cada vez mais longínqua -, mas são capazes
de jurar a pés juntos que leram, assim como podem ficar três horas a discutir se quem merecia o Nobel era Saramago ou Lobo Antunes sem sequer lhe terem posto a vista em cima. É por isso que nem as biografias vingam por cá. A nossa movida faz-se do “ouvir dizer”, do “dar uma vista de olhos”, do “lamiré” e do “tenho a impressão”. Ouve dizer-se que Fulano chegou a administrador porque é amigo de Sicrano, faz-se constar que Beltrano fez um doutoramento na famosa Universidade da Saint Isotrope, e assim por diante.

Isto é bem verdade. Nas rádios ou televisões podemos apreciar que a maior parte das intervenções se baseiam muito mais no “ouvir dizer” e no “tenho a impressão” do que no conhecimento aprofundado das matérias abordadas. Neste “country of last things” em que a banalização e a mediocridade são cada vez mais generalizadas, em que todos têm opinião sobre tudo, são cada vez menos os que mostram que sabem realmente do que falam.

terça-feira, setembro 20, 2005

Outros atentados, mas ao património

Conhecem a capela de Nossa senhora da Rocha, junto a Armação de Pera? Remonta à Idade Média, um dos seus capitéis é visigótico e incorpora pedras de anteriores edificações romanas. Local de peregrinação e devoção popular de há muitos anos. Classificado como imóvel de interesse público desde 1963 (ver ficha de património do IPPAR). Lindos azulejos cujos motivos nomeadamente inspiraram o site do Centro das Nações Unidas em Portugal.



Pois para proteger o interior da capela nada melhor do que uma "bela" porta de alumínio plastificado em branco. Umas "lindas" jarras com flores de plástico. E em frente um casinhoto tipo churrasqueira especialmente preparado para nele serem colocadas velas. Para estas não se apagarem nada melhor do que previdentemente tapar com jornais as incómodas aberturas existentes ...

segunda-feira, setembro 19, 2005

A "nossa" sociedade do conhecimento ...



A "nossa" sociedade do conhecimento é bem a de um "country of last things" ...
(recebida por e-mail)


Atentado visual ...


Falei em post anterior de atentados visuais. Não resisto a mostrar as cores berrantes utilizadas na nova urbanização junto à marina de Albufeira ... A qualidade da foto não é grande, mas dá para ver .

sexta-feira, setembro 16, 2005

Para onde vai o Algarve ?

Pausa nos dias de praia, forçada por alguma instabilidade climatérica, aproveitada para passear e rever locais conhecidos de há muitos anos. Conhecidos mas afinal desconhecidos porque agora aparecem fantasmagoricamente diferentes, enquadrados por toneladas de betão.

Para oeste de Albufeira, a partir do atentado visual que é a urbanização da nova marina o contínuo urbano na zona litoral chega até aos Salgados. Aqui esperemos para ver como vai coexistir o cordão dunar com a espiral da construção das novas urbanizações. Armação de Pera cresceu em altura, não timidamente com meia dúzia de andares mas muito mais, com a silhueta do aglomerado urbano quase lembrando uma pequena Manhatan. A vila é quase circundada por avenidas e seguramente por bem mais de meia dúzia de rotundas. Um novo mercado potencial para os artistas plásticos pois cada uma delas é local possível para uma nova escultura... Novas urbanizações, vilas, empreendimentos veêm-se em todas as futuras esquinas. Constroi-se, constroi-se, constroi-se e logicamente o que mais se encontra é publicidade a oferta de serviços de mediadores imobiliários. A estrada para a Senhora da Rocha é também já muito mais "rua" do que "estrada".

Há mercado para tanta nova construção ? Seguramente que há, senão não se arriscaria o investimento. E à questão do "quem compra ?" quando se esperaria ouvir a resposta "estrangeiro" ouve-se precisamente o contrário. Claramente falha aqui qualquer coisa, quando se liga isto a situação económica global, contenção, etc.

Para onde vai o Algarve ?

quinta-feira, setembro 15, 2005

You can't always get what you want!

MIBEL?



(in Diário Económico 12/09/2005)

Fazer crescer o bolo ou discutir a sua divisão

Jornal de Negócios de 14 de Setembro, título na primeira página com chamada para a página 34: Ludgero Marques ao Jornal de Negócios: "Lisboetas têm de ficar mais pobres para nós ficarmos mais ricos".
Não sei se é frase fora do contexto como tantas vezes a imprensa nos proporciona. Mas que é infeliz, é! Não se discute a "forma de fazer crescer o bolo", mas sim o tamanho da fatia que cabe a cada um. Dissesse-se "o Norte tem que ter um ritmo de crescimento maior do que Lisboa e Vale do Tejo" e tudo estaria bem. Agora assim ...

sábado, setembro 10, 2005

Pedido de desculpa

Nas páginas de publicidade do Público de 09.09.2005 (p. 58 - Local -Classificados) aparece o seguinte e original anúncio:

Pedido de desculpa

Rogério Guimarães, cidadão eleitor n.º 6823, da unidade geográfica de recenseamento das Caldas da Rainha, vem por este meio pedir desculpas a todos os democratas por ter contribuído com o seu voto para a eleição deste Governo.

Sério ou ironia ? Não é mau para um Governo que vai fazer seis meses de vida ! Será que vai ser necessário diminuir o período das legislaturas para que o eleitorado se possa exprimir com mais frequência ?

E viva o futebol !

O Bartoon do Luís Afonso é uma lufada diária de ar fresco sobre os nossos hábitos e características.

Como dizia o de hoje (Público de 09.09.2005) para que havemos de andar a falar na Noruega que lidera o ranking do desenvolvimento humano da ONU, onde não há desemprego, pobreza, assimetrias sociais, o Estado não tem défice, a economia é solida, etc. se "Portugal lidera o seu grupo, basta-lhe um simples empate para garantir a presença no Mundial, enquanto os noruegueses estão a cinco pontos do primeiro do grupo deles" !!!

Na sua ironia isto diz muito pois acredito piamente que muitos portugueses pensarão isso. Enquanto o futebol continuar a ocupar uma tão grande fatia das nossas preocupações - com a colaboração irresponsável de tantos - os assuntos sérios não se aprofundam. E continuaremos neste marasmo !

sexta-feira, setembro 09, 2005

A minha história predilecta

A BAILARINA RUSSA

Uma bailarina russa que tinha setenta anos e ensinava dança pelas escolas, foi seguida por um jovem, seduzido por sua figura esguia e arrebatadora.
Para não ser alcançada, correu até casa e, ofegante, fechou-se no apartamento. A jovem filha interrogou-a sobre o sucedido.
“Uma coisa extraordinária”, responde a velha mãe. “Um jovem rapaz seguiu-me e eu não quis que descobrisse o meu rosto para não o desiludir com a minha idade. Vê pela janela se ele ainda está no passeio”.
A filha foi à janela e, sobre a estrada depara com um velho que olhava para cima.”

Tonino Guerra

Algarve: Num "country of the last things"...

Regresso ao Algarve três anos depois. A primeira sensação é a de que a paisagem natural é sucessivamente agredida e que estamos rodeados por betão, betão e mais betão. Encontrar uma praia com alguma paz e tranquilidade exige cada vez mais quilómetros. E já muito poucas haverá...

Recuso considerar-me como "antidesenvolvimentista", mas não é preciso ser grande especialista para entender (ou não entender...) como alguns crescimentos urbanos foram feitos. Albufeira é um bom exemplo do que digo. Ao caos do crescimento, medido em toneladas de betão, junta-se a agressão das cores berrantes utilizadas em novas e apregoadas urbanizações.

No meio de tudo isto vale - ainda - o Sol e os cada vez mais reduzidos recantos onde a bela paisagem natural pode ser apreciada. Com a sensação de se viver aqui também num "country of the last things".

quinta-feira, setembro 08, 2005

Às avessas

Comecei a compreender que se pode agarrar um sonho com os dedos e virá-lo para ver o que está por detrás...

Espanto

Num gesto simples e descontraído descobri, como uma revelação, que ela era canhota. Ao escrever no seu caderno este detalhe trouxe-lhe ainda mais encanto. E eu a contemplei ainda pasmo e cada vez mais entusiasmado!

quarta-feira, setembro 07, 2005

Conversas

"Uma conversa MUDA com o Tempo", escreveu Vergílio Ferreira. Ao início pensei em mudez. Uma conversa Muda com o tempo ou seríamos nós os surdos? "Uma conversa MUDA com o Tempo." Pensei então em mudança.

A propósito do Ano Inesiano

Todos somos Pedro. Todos somos Inês.

Pedro Lembrando Inês

“Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a manhã da minha noite. É verdade que te podia dizer: «Como é mais fácil deixar que as coisas não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou, até sermos um apenas no amor que nos une, contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios, ...”

Nuno Júdice

Estrela

Um dia, alguém me mandou um sms que dizia...por vezes quase viras estrela...obrigada *

Abrigo

Onde abrigar o Mundo a não ser no coração?

terça-feira, setembro 06, 2005

HUMANO


Este post já teve vários formatos e vários tons. Escrevi um texto enorme sobre como comportamentos puramente humanos se podem transformar em comportamentos heróicos. Depois percebi que uns e outros são a mesma coisa. Sean Penn é hoje a face mais visível disso mesmo. Para quem não sabe do que estou a falar é só imaginar este senhor, de mangas arregaçadas, num barco, nas ruas transformadas em rios de New Orleans. Meramente humano? Sim, HUMANO.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Globalização linguística?

Hoje precisei de telefonar para Espanha. Preparei-me para falar no meu "portunhol perfecto". A meio da conversa percebi que a senhora do lado de lá me estava a responder em português do Brasil. Acabámos a conversa em português. Há pouco telefonaram-me de Espanha. Atendi no meu "portunhol afinal talvez não tão perfecto" O senhor, a meio da conversa, perguntou-me se eu falava inglês. Respondi yes, no meu "not very brittish accent". Great, that's easier for me, repondeu. Era escocês. Acabámos a conversa em inglês.

Exorcismos

Para quem gosta de dançar descomprometidamente (entenda quem quiser, o que quiser) reabre amanhã em Lisboa, no BA, o Clube Mercado que funcionava em Santos. Se continuar na forma a que nos habituou, vale a pena a visita. E porque, por vezes, tudo o que podemos fazer por nós próprios, é dançar até que as pernas nos doam. Vemo-nos por lá...

Quem sou eu?

Uma Voz na Pedra


Não sei se respondo ou se pergunto.

Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

Ideias

Gosto de algumas ideias. Gosto da ideia da frase gosto da ideia. Gosto da ideia que alguém pode não gostar da mesma ideia que eu. Gosto da ideia que alguém goste da mesma ideia que eu. Gosto da ideia que não tenho de gostar da ideia de que gosto. Ou da ideia do que escrevo. Gosto da ideia de uma voz familiar. Gosto mais do FACTO da ideia do tacto familiar. NÃO SERÁ TUDO O MESMO?

Tempo

O relógio da rua marca 17:55h. O meu marca 10:03h. Qual deles estará certo? Algum deles estará errado?

Silêncio...

DOES THE NOISE IN MY HEAD BOTHER YOU?

domingo, setembro 04, 2005

Honestidade

Entenda quem puder: sou uma mentira que diz sempre a verdade.

Jean Cocteau

Homenagem

Paráfrase

Este poema começa por te comparar
com as constelações,
com os seus nomes mágicos
e desenhos precisos,
e depois
um jogo de palavras indica
que sem ti a astronomia
é uma ciência infeliz.
Em seguida, duas metáforas
introduzem o tema da luz
e dos constrastes
petrarquistas que existem
na mulher amada,
no refúgio triste da imaginação.

A segunda estrofe sugere
que a diversidade de seres vivos
prova a existência
de Deus
e a tua, ao mesmo tempo
que toma um por um
os atributos
que participam da tua natureza
e do espaço criador
do teu silêncio.

Uma hipérbole, finalmente,
diz que me fazes muita falta.

Pedro Mexia

sábado, setembro 03, 2005

Perdição

"Não perguntes o caminho a quem o conhece, pois de contrário não te poderás perder."

Francisco José Viegas, in Lourenço Marques

Memória

"A memória é frequentemente ridícula, mas é o único instrumento que permite imaginar histórias verdadeiras."

Francisco José Viegas, in Lourenço Marques

In the beginnig was....

These are the last things, she wrote. One by one they disappear and never come back. I can tell you of the ones I have seen, of the ones that are no more, but I doubt there will be time. It is all happening too fast now, and I cannot keep up.

I don't expect you to understand. You have seen none of this, and even if you tried, you could not imagine it. These are the last things.

Paul Auster