quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Grandes Portugueses (7) - D. João II

Claramente foi o melhor programa de todos os já transmitidos nesta série. O papel de D. João II na afirmação de Portugal em pleno século XV ficou bem patente. Morreu o Homem teria dito Isabel a Católica quando soube da sua morte. Ele é bem O Grande Português.
Mas alguém me consegue explicar as desoras a que a RTP faz a transmissão destes programas ? Não será serviço público transmiti-los a horas decentes para que o comum dos mortais a elas possa assistir ?

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terça-feira, fevereiro 27, 2007

Escuto

Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies no vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado e amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Grandes Portugueses (6) - Infante D. Henrique

Penso que vou ser polémico: o programa do Infante D. Henrique foi o melhor dos seis transmitidos até agora. A apresentação leve e "descontraída" de Gonçalo Cadilhe (cujas crónicas de viagens acompanhei na "Única" do Expresso) parece não ter omitido nada de essencial e tornou mais próxima e nítida a figura do Infante, fazendo emergir a sua visão globalizante e globalizadora.
Não sei ainda em que vou votar - falta ver os programas sobre quatro candidatos - mas se o programa acabasse aqui já o saberia ...

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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Grandes Portugueses (5) - Fernando Pessoa

Inconcebível o alinhamento dos programas da RTP na noite de ontem: o programa sobre Fernando Pessoa veio a começar à meia-noite e vinte e a terminar depois da uma da noite. Para um programa em que se diz que a RTP tanto investiu e em que apela à participação dos espectadores no voto telefónico, não está nada mau até porque assim se colabora no esforço para o aumento da produtividade nacional, mandando as pessoas mais tarde para a cama...
Clara Ferreira Alves foi directora da Casa Fernando Pessoa. É suposto assim ser uma especialista. Retive da sua apresentação a precocidade no surgir dos heterónimos, as qualidades como aluno insuficientes para cumprir as regras da bolsa de estudo em universidades inglesas, o domínio de várias linguas, a vasta cultura geral, a novidade da sua obra poética, o envolvimento com movimentos artísticos de vanguarda. Sem dúvida um grande português que fica na História, mas ainda não o Grande Português.

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sábado, fevereiro 17, 2007

Grandes Portugueses (4) - Aristides de Sousa Mendes

Até agora o melhor “defensor”. Não se estranha, na medida em que José Miguel Júdice é um “defensor” de profissão. Mas fê-lo com uma veemência e uma convicção notáveis, realçando as circunstâncias em que a consciência de Aristides o fez actuar contra as orientações da tutela e as ordens específicas que veio a receber. Aristides será, porventura, dos dez finalistas, aquele cuja história é menos conhecida e este filme poderá ter um papel didáctico no sentido de a divulgar. E não deixa de ser curioso realçar como a ordem alfabética faz a partida de Salazar ficar rodeado com dois dos seus principais inimigos: Cunhal e Aristides.

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Grandes Portugueses (3) - António de Oliveira Salazar

Neste caso, como no anterior, a contemporaneidade e a proximidade das figuras tornavam curioso procurar ver como os respectivos defensores as justificavam. Aqui Jaime Nogueira Pinto ganhou a Odete Santos e alguns dados interessantes foram apresentados nomeadamente os relacionados com a estratégia / táctica seguida por Salazar quanto ao não envolvimento de Portugal na II Grande Guerra. Quanto ao resto poucas novidades. E vou formando a convicção de que dificilmente os “contemporâneos” podem ganhar aos “históricos” nesta competição de grandes portugueses.

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terça-feira, fevereiro 13, 2007

O Grande Silêncio


Decididamente a não perder O Grande Silêncio de Philip Groning.
Independentemente de convicções pessoais tentar perceber - e respeitar - opções de vida.
E que há, no meio do barulho que nos rodeia, o silêncio, a interiorização, o despojamento.

domingo, fevereiro 11, 2007

65 euros de mordomias

Aqui há uns meses Judite de Sousa na RTP-1 disparou contra Jorge Sampaio uma pergunta “simpática”: como é que ele se dava sem as mordomias do cargo de Presidente da República?
A questão foi na altura muito comentada até porque é bem sabido que em Portugal os políticos -não discuto se são bons ou maus - não recebem retribuição compatível com as responsabilidades que têm. Ainda recentemente tem sido notícia a magna questão do salário de Paulo Macedo como Director-Geral dos Impostos, muitas vezes superior ao do Presidente da República, mas afinal aquilo que ele recebia numa empresa privada à qual foi requisitado. Pois ele poderá não ser reconduzido nas suas funções pelo simples facto de existir o princípio da limitação dos salários dos dirigentes da administração pública ao auferido pelo Presidente da República. E com essa decisão administrativa ignoram-se os resultados por ele conseguidos - como é generalizadamente reconhecido - na maior eficiência da máquina fiscal, essencial à afirmação da nossa democracia.
Vem tudo isto a propósito do que acabo de ver na RTP-1. Jorge Sampaio é, no referendo de hoje, presidente de uma mesa de voto na sua freguesia de residência. É ele, como pode ser qualquer outro cidadão, e sobre isso apenas há a registar o gesto do ex-Presidente da República em aceitar cumprir aquela função. Já o que não se percebe é o comentário final da jornalista: Jorge Sampaio ainda não sabe o que vai fazer com os 65 euros, livres de impostos, que vai receber pelo serviço que hoje está a prestar. É caso para pensar que a "perguntadora", sem dúvida uma discípula dilecta de Judite de Sousa, não esqueceu a grave questão das mordomias do Presidente da República e quis juntar-lhe este caso dos 65 euros...

sábado, fevereiro 10, 2007

Verdades

" O Homem adora fazer a contabilidade dos seus problemas, mas não das suas alegrias. Se contasse estas veria nelas felicidade suficiente."
Dostoievski, Feodor, in "XIS", 3 /2/ 2007

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Grandes Portugueses (2) - Álvaro Cunhal

Confesso que não tinha grandes expectativas quanto ao programa dedicado ao segundo - por ordem alfabética - grande português. Por outro lado na lista dos 10 primeiros há alguns nomes que eu não teria nunca escolhido e este é um deles. Mas tinha alguma curiosidade para ver como a "defensora" Odete Santos ia justificar a personalidade de Alvaro Cunhal como um grande português. E também porque poderia ser uma maneira de ficar a conhecer a vida de alguém que marcou o Portugal contemporâneo.
Neste contexto o programa foi uma desilusão: o que se viu foram uns flashs da vida de Cunhal misturados com a história e o papel do PCP na nossa história recente. E do candidato a grande português pouco ficou para além da ideia de que fazia a viagem de Lisboa - Porto de bicicleta.

tell me about it!

....as a rule you desire the unusual....
uma visita diária para saber o que me espera

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Grandes Portugueses - D. Afonso Henriques

Foi com alguma expectativa que aguardei e vi o primeiro programa sobre um dos finalistas dos Grandes Portugueses. A figura de Afonso Henriques sempre me fascinou: sou do tempo em que a História de Portugal se dava na Primária, decorando a lenga-lenga de cada uma das dinastias e respectivos nomes e cognomes de reis: D. Afonso Henriques "O Conquistador", D. Sancho I "O Povoador", D. Afonso II "O Gordo", ... ficaram na memória . E depois para cada um deles as batalhas ganhas e as praças conquistadas.
Apreciei a "leitura" que Leonor Pinhão transmitiu da vida e do papel de Afonso Henriques. O trabalho perdeu com a dicção da "defensora" - melhor teria sido recorrer a uma voz mais profissional - mas de qualquer forma foram bem sublinhadas as circunstâncias do aparecer de Portugal como nação independente. E esse é um estigma que ainda nos acompanha ...

Eu sou potável

Eis o melhor e o pior de mim

O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate

Não é impossível
Eu não sou difícil de ler

Faça sua parte

Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara

Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

Em alguns instantes

Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara

O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder

Olha minha cara

É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo

A água é potável
Daqui você pode beber

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Infinito Particular
da límpida Marisa Monte

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Vale tudo na informação ?

No fim de semana fomos informados de que a gripe das aves tinha chegado ao Reino Unido e atacado uma exploração de perus onde trabalhavam centenas de portugueses. Entre televisões e rádios ouvi a informação de que 700 ou 800 portugueses trabalhavam naquela exploração em contacto com os perus em risco de estarem infectados com o H5N1. Hoje o Público já dizia afinal que "seriam dez os portugueses a trabalhar na quinta de Suffolk". Cerca de 800 serão os funcionários oriundos de Portugal empregues por aquela empresa, mas em todo o Reino Unido.
Assim se faz informação ! O desejo despudorado de dar notícias sensacionais vale tudo ? Não valeria a pena dar notícias apenas depois de devidamente confirmadas ?

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Quando, no nome do mar

Quando digo o nome do mar não é do mar
que digo o nome, mas de tudo o que
antes e para lá do mar ficou
em sobressalto nos perigos da sua travessia.

Aprendi isso em lugares raros,
como o último silêncio, a última gota
de água ou do de mel.


Francisco José Viegas, in Todas as Coisas