quarta-feira, outubro 26, 2005

Educação e formação versus competitividade

Menos de uma semana depois do Dia da Competitividade da Unice a que aqui já me referi, aconteceu hoje em Lisboa a apresentação do Relatório da Competitividade 2005 relativamente a Portugal. É uma bateria de mais de 40 indicadores relativos a áreas tão diversas como os custos laborais, preços, fiscalidade, educação e formação, sociedade da informação, ambiente e energia, investimento, I&D e inovação, PIB, emprego, desemprego, produtividade, grau de abertura da economia e que permitem anualmente fazer o benchmarking da posição portuguesa relativamente a outros países europeus ... e não só.
Nos indicadores relativos a educação e formação alguns são gritantemente arrasadores para Portugal. É o caso da "população que obteve pelo menos o ensino secundário por escalões etários", importante porque significa a percentagem de população que detém competências para o mercado do trabalho, em que estamos claramente no fim da escala, com percentagens entre 10 e 35% por escalões etários decenais, contra 55 a 90% na Finlândia, 50 a 80% em França ou 30 a 70% na Grécia e percentagens também muitos elevadas nos países do alargamento. Temos a mesma posição relativa no "abandono escolar precoce" em que registamos desde há vários anos a mais elevada taxa de abandono escolar precoce (39,4% no geral mas 47,9% nos rapazes e 30,6% nas raparigas) e que na UE 25 apenas é ultrapassada por Malta. E no que respeita à percentagem de estudantes que frequentam o ensino superior em relação à população entre os 20 e os 29 anos, embora tenhamos valores da ordem dos 25% semelhante ao registado em muitos países da UE 15 mas inferior a muitos dos países do alargamento.
Um país para se renovar, para se afirmar, para ser "alguém" no mundo globalizado e consequentemente competitivo, tem que se basear nos seus recursos humanos. Passámos por décadas em que o ensino se fundou em facilitismo e até passagens administrativas. Não temos uma cultura de exigência, de rigor, de apetência pelo saber. Mudar esta situação tem que ser forçosamente um desígnio nacional, assumido por todos os partidos e a que todas as políticas devem atender, mas também por cada um nós.

1 Comments:

Blogger Periférico said...

Subscrevo a 100%. Essa falta de qualificação dos nossos recursos humanos, aliada à falta de rigor, brio e cultura de exigência é um dos nossos grandes handicaps. Infelizmente não vejo este tema ser assumido como um desígnio nacional, os anos passam e a divergência aumenta!

Se calhar pensam que com o facilitismo também se contornam as estatísticas, mas o facilitismo não gera riqueza.

Anda tudo a dormir, quando já é tarde. Urge Agir!

Um abraço

quinta-feira, outubro 27, 2005 6:09:00 da tarde  

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